Da Nota de Apresentação:
"O presente texto
de Cristina Rebelo Santos foi objecto de várias modificações. Esta circunstância
tê-lo-á beneficiado, mas também terá porventura contribuído para uma certa
desfiguração. Por esta última, não posso deixar de ser considerado
co-responsável.
Sou do tempo em que dar à luz da publicidade estudos
realizados no âmbito escolar era muito difícil. Quase impossível. Conseguiam
este feito os lentes e aqueles que nos padrões dos critérios dos editores tinham
obra para assegurar sucesso editorial. Hoje graças à capacidade e sentido de
iniciativa dos agentes editoriais e ao espírito mais arrojado ou menos timorato
dos diferentes autores, vai-se multiplicando a editoração de estudos concebidos
e realizados para registo académico. É uma nova situação que merece ser saudada
como muito positiva.
Por outro lado, são as próprias instituições escolares
que, conscientes de quanto constitui um indicador do trabalho produzido pelos
seus professores, e até alunos, procuram publicar os seus trabalhos.
Evidentemente, nem sempre os critérios de publicitação podem ser coincidentes
com os critérios académicos. E por isso, muitas vezes, os textos têm de receber
alguma modificação, conciliando o rigor exigentemente escolar com a divulgação
mais adequada a um mais vasto público leitor.
A publicação deste trabalho da
Cristina Rebelo dos Santos, agora decidida pelo Instituto Superior da Maia, que
entende, e bem, seu dever valorizar a produção dos seus agentes de ensino e
formação, é a combinação destes propósitos.
Com alguma sanção dos meus
próprios colegas de ofício, não sou um orientador dirigista. Em princípio,
respeito, na forma e no conteúdo, a obra do autor. Lembro-me sempre das velhas
regras estilísticas que consagravam a máxima: «o estilo é a pessoa». A escrita
reflecte a personalidade do autor, a sua formação base, o seu meio envolvente.
E, em especial, quando um texto, a defrontar-se com o rigor de um quadro
conceptual próprio ou o desenvolvimento de estratégias metodólogicas adaptadas,
não quer deixar de assumir uma reivindicação regional ou até
regionalista.
Assiste uma contradição dramática a quem estuda e investiga
sobre problemas e situações da comunicação social. A característica que garante
sempre novo estímulo para os estudar - uma actualidade permanente - depressa se
transforma em intempestiva desactualização. Estamos num campo, em que
freneticamente, os objectos de estudo fogem. Alteram-se as condições e os
factos.
Este trabalho de Cristina Rebelo Santos - TV Regional e Região Norte
- uma contextualização à proximidade Regional - é anterior à concretização do
canal NTV. Não o elegeu como estudo de caso. Aliás, ainda mesmo que tivesse sido
essa a intenção, são conhecidas as vicissitudes por que já passou este jovem
canal, talvez distante dos propósitos que estiveram na sua concepção inicial.
Por isso, enquadrar o NTV neste estudo de Cristina Santos é desenquadrar duas
realidades distintas. Provavelmente não no desejo da autora, mas no projecto a
que a NTV está a dar forma."
J. M. Paquete de Oliveira
Sociólogo e Docente/Investigador
do ISCTE